Cura queimadura
PELE DE TILÁPIA TEM MELHORES RESULTADOS NOS TRATAMENTOS EM COMPARAÇÃO À DE DE SUÍNOS E BOVINOS
Por EMÍLIA ZAMPIERI
2023-04-29T07:00:00.0000000Z
2023-04-29T07:00:00.0000000Z
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SAÚDE ∣ MEDICINA ALTERNATIVA
OMÉTODO PIONEIRO DE USAR A PELE DE TILÁPIA em pacientes, para diminuir a dor e acelerar a cicatrização de queimaduras, desenvolvido em 2015 pelo médico Edmar Maciel, pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), nos últimos anos teve sua viabilidade comprovada em outros ramos da medicina, como a ginecologia. Estudos realizados na Maternidade Escola Assis Chateaubriand, também da UFC, já estão em fase clínica para a recuperação de pacientes ginecológicas com necessidade de reconstrução vaginal e em cirurgias de mudança de sexo. O objetivo, ao desenvolver uma prótese biológica 100% nacional, é alcançar uma alternativa eficaz e de baixo custo às opções já existentes no mercado internacional, que são as próteses artificiais ou biológicas (feitas a partir de suínos e bovinos), inacessíveis à grande parte da população brasileira, por causa do alto custo. “Nosso objetivo, a longo prazo, é disponibilizar aos pacientes uma alternativa extremamente eficiente e com baixo custo para a rede pública”, informa o médico Leonardo Bezerra, que coordena o projeto na área de ginecologia e atua ao lado da médica Zenilda Vieira Bruno. A pele de tilápia utilizada na pesquisa é doada por produtores de pescado da região de Fortaleza (CE), pois é excedente da criação e seria descartada, o que torna todo o processo mais barato. O produto também apresenta resultados melhores quando comparado às peles de suínos e bovinos. “Comprovamos em pesquisas que a tilápia não apresenta doenças e bactérias intercambiáveis com a saúde humana, como é o caso de suínos e bovinos. Por isso, o preparo precisa de menos radiação para torná-la viável, o que resulta em peles com mais colágeno”, declara Bezerra. Na reconstrução vaginal, a cirurgia consiste na recriação do canal vaginal em mulheres que nasceram com deformidades ou sofreram efeitos colaterais de tratamentos oncológicos com uso de radioterapia. O uso para redesignação sexual masculino-feminino também já é uma realidade. Após o sucesso no uso em ginecologia, a equipe brasileira foi procurada por especialistas em redesignação sexual de Cali, na Colômbia, e foi realizada uma parceria. “Capacitamos esses profissionais, e mais de 60 cirurgias já foram realizadas com êxito”, comenta Bezerra. No Brasil, a equipe já fez cirurgias de redesignação em fases clínicas da pesquisa, na UFC e em parceria com a Unicamp, em Campinas (SP). Segundo o médico, questões burocráticas impediram o avanço da prática até o momento.
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