Revista Globo Rural

ALGODÃO

PERSPECTIVAS PARA O SETOR DE ALGODÃO APONTAM QUE, EM 2023, PRODUTORES TERÃO DESAFIOS MENORES E O BRASIL PODE OCUPAR A LIDERANÇA NAS EXPORTAÇÕES GLOBAIS

Por CLEYTON VILARINO

Oalgodão teve uma trajetória de sobe e desce em 2022, com preços recordes alcançados no começo do ano e quedas nas cotações na Bolsa de Nova York no fim do período, devido às expectativas de desaceleração da economia global e à desvalorização do barril do petróleo, movimento que torna as fibras sintéticas mais competitivas que a pluma.

Essa movimentação no setor ajuda a desenhar o cenário para a próxima safra: um crescimento de área mais tímido, mas com um aumento significativo de produtividade nas lavouras.

“O viés mais baixo em relação aos preços do fim de 2022 deve levar a um crescimento de área de 1,5% na próxima safra e, assumindo a tendência de produtividade, podemos ter uma safra (2022/2023) de 3 milhões de toneladas, que é um aumento de 500 mil toneladas em relação à safra passada”, acredita Marcela Marini, analista do Rabobank.

As previsões do banco holandês em relação à safra de algodão apontam que as lavouras não devem enfrentar os mesmos problemas climáticos ocorridos no ciclo 2021/2022, responsáveis por reduzir em 400 mil toneladas o potencial produtivo nacional.

Marini ainda destaca que os Estados Unidos enfrentaram os mesmos problemas climáticos que o Brasil, o que é importante para traçar uma perspectiva para 2023. “O Estado do Texas, responsável por 35% da produção norte-americana, enfrentou desafios climáticos desde o início do plantio até a colheita, e isso reduziu significativamente a perspectiva da safra de algodão dos EUA”, ressalta. A redução na produção da safra norte-americana de algodão gira em torno de 18%.

Maior consumidor e importador mundial de algodão, a China reduziu o consumo de algodão em 2022, devido à explosão de casos de Covid-19 que atingiu o país. Com a imposição de medidas de restrição à circulação de pessoas levada a cabo pelos chineses, a venda de produtos derivados dessa matéria-prima despencou. “A China, por causa das medidas adotadas para combater a Covid-19, está trazendo problemas no consumo e também para a produção, com fábricas fechadas e consumo restrito. Agora, sabemos que isso é temporário e não vai poder ficar para sempre”, observou o ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Busato, em dezembro.

“O cenário para 2023 é conservador, à luz do que estamos sentindo com as empresas e instituições financeiras”

FERNANDO PIMENTEL,

presidente da Abit

No mercado interno, a previsão é de crescimento abaixo do PIB, com vendas em linha com a produção e a importação, segundo revela o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. “O cenário para 2023 é conservador, à luz do que estamos sentindo com as empresas e instituições financeiras, mas é um cenário que ainda carece de maior nitidez na linha da política econômica que vai ser endereçada, não só pelo Ministério da Economia, mas no próprio Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), que foi recriado, e em outras áreas”, pontua o executivo.

Após uma produção de 1,9 milhão de toneladas em 2022 (queda de 7,4% ante o ano anterior), a previsão do setor industrial é de leve recuperação em 2023, com base nos sinais de recuperação da economia observados no último trimestre do ano passado e nas perspectivas de manutenção do auxílio emergencial em R$ 600. “Essa expansão monetária e uma perspectiva de crescimento do PIB, mesmo que modesta, nos levam a prever crescimento também modesto da nossa produção”, diz Pimentel, ao avaliar que os principais fatores para a queda da produção têxtil em 2022, entre eles o aumento nos preços da pluma, ficaram para trás.

SUMÁRIO

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2023-01-31T08:00:00.0000000Z

2023-01-31T08:00:00.0000000Z

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