Revista Globo Rural

SUÍNOS

CONSUMO DEVE SER MAIOR NO MERCADO BRASILEIRO E SETOR SE PREPARA PARA EXPORTAR MAIS CARNE EM 2023, PRINCIPALMENTE POR CAUSA DO APETITE CHINÊS

Por VIVIANE TAGUCHI

INCERTEZAS ECONÔMICAS COMO A RECESSÃO GLOBAL, inflação, enfraquecimento do consumo em todo o planeta e a lenta recuperação do poder de consumo no mercado doméstico são os principais fatores que colocam os diversos setores do agronegócio em um estado de alerta, à espera de melhorias, neste começo de ano. Apesar disso, há um clima de otimismo grande no setor de suínos, que deve ter um significativo crescimento no período, conforme análises de especialistas e representantes da cadeia produtiva.

Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), isso se deve ao aumento das demandas, interna e externa, pela carne suína. “No Brasil, o poder de compra tende a se manter fragilizado, mas por sua vez, acaba aquecendo a demanda doméstica pela carne suína, que apresenta mais competitividade frente a outras, como a bovina”, aponta o relatório da instituição, divulgado em janeiro. De acordo com os especialistas, as estratégias da indústria em investir em diversificação e posicionamento do produto suinícola no mercado doméstico devem ser mantidas em 2023, fortalecendo a demanda pela proteína.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também aposta em um crescimento do setor, mesmo depois de um ano desafiador como foi 2022, que registrou queda nas exportações. Suas projeções indicam que a produção de carne suína no país, em 2023, deve aumentar 4% em relação ao volume produzido no ano passado, chegando a 5,150 milhões de toneladas, enquanto o consumo per capita pode aumentar até 3%, com 18,5 quilos por pessoa.

Ricardo Santin, presidente da ABPA, diz que, nos últimos anos, com a disparada dos preços das carnes bovina, por exemplo, o consumidor brasileiro olhou para a carne suína com mais simpatia e, agora, com a redução do nível de desemprego no país e o aumento do salário-mínimo, esse consumo deve continuar aquecido. A ABPA estima que, do total de carne suína produzida no país, 3.950 milhões de toneladas serão destinadas a abastecer a demanda interna.

Em 2022, foram produzidas 5 milhões de toneladas de carne suína no Brasil, 6,5% a mais que no ano anterior. “Esse volume foi o maior já registrado na suinocultura brasileira e a tendência é que essa produção

“A produção de carne suína no país, em 2023, deve aumentar 4% em relação ao volume produzido no ano passado”

RICARDO SANTIN presidente da ABPA

aumente para atender à demanda interna e externa”, diz Santin.

As exportações também devem aumentar no decorrer do ano. A ABPA estima um aumento de 12% em relação ao ano passado, algo em torno 1,250 milhão de toneladas. “O dólar, nos níveis atuais, facilita as exportações brasileiras”, aposta o executivo.

Segundo ele, as principais preocupações do mercado global de suínos continuam sendo as mesmas que vem marcando o setor nos últimos dois anos: o alto custo de produção, com os preços de rações (farelo de soja e milho), energia elétrica e o petróleo mais caros, os impactos da Peste Suína Africana e os gargalos com mão de obra e logística.

A China deve continuar sendo o principal importador da carne suína brasileira em 2023, com 41% do volume total, apesar da redução registrada em 2022, seguida por Hong Kong, com 9%, e Filipinas, com 8%. No entanto, a expectativa, agora, é a realização do Festival da Primavera Chinês, que movimenta um grande volume de carne suína no país, e a estabilização do mercado, com a reabertura do setor de food service, fechado devido às medidas de combate à onda de Covid-19 que atingiu o país no final de 2022.

SUMÁRIO

pt-br

2023-01-31T08:00:00.0000000Z

2023-01-31T08:00:00.0000000Z

https://revistagloborural.pressreader.com/article/281801403103972

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.