Revista Globo Rural

M∣LHO

ESTIMATIVA DA CONAB É DE CRESCIMENTO DE 11,2% NA PRODUÇÃO DE MILHO NESTE ANO. MAIOR OFERTA DEVE PRESSIONAR OS PREÇOS NO PRIMEIRO SEMESTRE

por WILHAN SANTIN

COM A SOJA EM FASE DE COLHEITA, o produtor rural e engenheiro agrônomo Guilherme Pelanda já tem em mente as estratégias para a segunda safra, quando vai plantar milho, junto de seu pai, Domingos, e de seu irmão José Augusto, em uma área de 690 hectares, nos municípios de Palotina e Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná.

Olhando para o futuro e as tendências que o mercado apresenta para o cereal, Pelanda explica que atualmente o custo de produção está de médio para alto, puxado principalmente pelos fertilizantes nitrogenados, que o Brasil importa em grande quantidade, inclusive da Rússia, país que vive as instabilidades do conflito bélico com a Ucrânia.

Por isso, o produtor deve estar atento ao mercado internacional e aos movimentos geopolíticos, preferencialmente travando, pelo menos, os custos de produção com vendas antecipadas. “Importante ter atenção também aos preços das sementes e às infestações de cigarrinha, que vão exigir aplicações de defensivos”, destaca o agricultor.

Consultor sênior da Safras & Mercado, o economista Paulo Molinari afirma que a segunda safra brasileira do cereal deve ser expressiva e, por sua vez, recomenda atenção a uma conjuntura importante.

“A safra de milho na Europa começa em setembro. Até lá, os europeus comprarão da América do Sul. Estimamos que eles terão uma safra boa em 2023. Os Estados Unidos também devem produzir melhor, pois aumentarão a área de milho em 4 milhões de acres (1,61 mi

lhão de hectares). A China, com sua nova legislação sanitária, poderá avançar em compras do Brasil na safrinha 2023, mas apenas o suficiente, entre 2 e 3 milhões de toneladas, para influenciar o preço de Chicago negativamente. É uma jogada estratégica. Com isso, os preços para os produtores brasileiros tendem a ser de alta no primeiro semestre e de baixa no segundo semestre, quando haverá mais milho no mercado mundial”, detalha Molinari.

Na análise do economista, o valor de quase US$ 7 por bushel (25,4 quilos) que a Bolsa de Chicago cotava no início de 2023 está acima do que deveria ser a média, em torno de US$ 4 por bushel, daí a tendência de queda quando houver mais milho disponível.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu ter

“O produtor deve estar atento ao mercado, preferencialmente travando, pelo menos, os custos de produção”

GUILHERME PELANDA,

produtor do oeste do Paraná

ceiro Levantamento da Safra 2022/2023, estimou a produção total de milho neste ano (primeira e segunda safra) em 125,8 milhões de toneladas, número 11,2% superior a 2021/2022. Deste total, 80,5 milhões de toneladas suprirão o consumo interno e 45 milhões de toneladas serão exportadas para diversos mercados.

O maior montante vem da segunda safra, que alguns preferem nominar safra de inverno ou “safrinha”: 96,2 milhões de toneladas, segundo a Conab. A se confirmar, será a maior da história.

Segundo as projeções, o aumento do consumo interno será de 7,7% em relação à safra anterior, puxado pela produção de etanol a partir do milho e pelas cadeias de produção de aves e suínos. Já as exportações crescerão 8,4%.

Uma boa notícia que chega dos institutos que trabalham com o clima: o fenômeno La Niña, causado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico na região equatorial, provocando secas na região Sul e excesso de chuvas no Norte do Brasil, caminha para o fim, passando a uma condição de neutralidade, ou seja, com chuvas mais regulares, a partir de março.

SUMÁRIO

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2023-01-31T08:00:00.0000000Z

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