Revista Globo Rural

HORTAL∣ÇAS

DEVIDO À QUEDA NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO, BATATA, TOMATE, CEBOLA E CENOURA SÃO OS CULTIVOS QUE DEVEM RECEBER MAIS INVESTIMENTOS NO DECORRER DE 2023

Por ELIANE SILVA

AQUEDA NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO, diante da desvalorização recente do preço de vários insumos, incluindo os fertilizantes, deve estimular os investimentos no cultivo de verduras e legumes. Os analistas da equipe do Hortifrúti Brasil (HB), do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/ Esalq/USP), acreditam que, devido à queda esperada nos preços e uma possível estabilização da inflação, os consumidores poderão elevar seu poder de compra desses produtos.

Segundo os analistas, a área cultivada com hortaliças em 2022 aumentou em relação aos dois anos anteriores, quando foram muito impactados pela pandemia de Covid-19. O aumento foi impulsionado, principalmente, pelas indústrias de tomate e de batata e pela recuperação parcial das áreas de alface e cenoura.

Em 2023, o aumento na área deverá se concentrar ainda na produção industrial de batata e tomate, mas está prevista também uma recuperação da área de cebola, graças aos bons preços do ano passado.

Os produtores de batata, que é um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros, junto com tomate e cebola, devem atrair investimentos impulsionados pelo crescimento da demanda da indústria de batata pré-frita. A previsão do Cepea/USP é de crescimento de 3,1% na área.

No caso do tomate, os preços mais baixos praticados entre julho e setembro de 2022, devido à entrada no mercado do tipo rasteiro, devem resultar em diminuição de área na safra de inverno. A área total, no entanto, cresce 4%, estima a equipe do HB, impulsionada pela demanda industrial.

A cebola, que teve bons resultados em 2022, deve elevar um pouco sua área de plantio, limitada pelo elevado custo de produção. Os investimentos serão maiores em São Paulo, no Cerrado e no Nordeste. A rentabilidade vai depender das condições climáticas no campo. Em 2022, por causa das temperaturas mais baixas, houve florescimento das cebolas precoces.

Segundo dados de inflação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cebola foi o produto que mais subiu de preço em 2022, com 130%, seguida pelo inhame (62%) e pela maçã (52%). O analista de economia da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (Ceagesp), João Gabriel Alves da Costa, explica que em 2022 a cebola passou por uma quebra de safra, chegando a custar R$ 100 a saca de 20 quilos. Isso levou muitos produtores do Centro-Oeste e Sul a antecipar a colheita, produzindo uma

“Os preços da cenoura no primeiro semestre podem ser melhores, mas não vão acompanhar os mesmos níveis do ano passado”

MARINA MARANGON,

analista do Cepea

cebola cara e sem qualidade adequada para comercialização.

Marina Marangon, analista do Cepea, diz que em 2023 os preços da cebola tendem a ser mais baixos nas regiões que iniciam a colheita a partir de maio. Até lá, ela estima que os preços ainda estejam mais altos, devido à produção do Sul, afetada pelo clima. Os baixos retornos do ano anterior devem segurar os investimentos dos produtores de alface em 2023. A expectativa inicial é de manutenção na área cultivada da folhosa e de cautela no uso de novas tecnologias para obtenção de maiores margens. Nesse período de verão, segundo Marangon, os preços podem ser mais altos, por causa do clima chuvoso.

A cenoura deve manter sua área de plantio, pela concorrência por terras com o alho e pelo custo alto de produção, mas a previsão é de uma maior oferta no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2022.

“Os preços da cenoura no primeiro semestre podem ser melhores, graças ao clima chuvoso, mas não vão acompanhar os mesmos níveis do ano passado. No inverno, a tendência é de uma leve queda de área, por conta dos preços geralmente baixos em novembro e dezembro, mas vai depender dos resultados dos primeiros meses do ano”, diz Marangon.

SUMÁRIO

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2023-01-31T08:00:00.0000000Z

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https://revistagloborural.pressreader.com/article/281724093692644

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