CARTA AO LEITOR

Dólar, oferta, procura, política, crédito, tecnologia, gente, chuva: são muitas as variáveis que fazem o sucesso – ou a frustração – do agronegócio. E nesta edição especial consideramos todas elas para traçar os cenários e as perspectivas em diversas culturas. Apesar das muitas dúvidas que rondam o campo, por causa da transição na governança do país, 2023 parece começar com mais notícias boas do que ruins em comparação com o ano passado. A safra de grãos se desenvolve bem, exceto em alguns pontos do Sul, Centro-Oeste e Nordeste, e por enquanto parece que não há o que a impeça de superar a impressionante marca de 310 milhões de toneladas. Se confirmada, dará ao país a base de sustentação para mais um ano de recordes e resultados positivos, tanto no mercado interno quanto no externo. As projeções mais recentes do ∣nstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (∣pea) indicam aumento de 11,6% no P∣B agropecuário, 14% na produção vegetal e de 1,6% na produção animal. Dentro da porteira, as notícias também são boas. Segundo as projeções oficiais, neste ano os produtores rurais brasileiros devem ter um incremento de renda, após uma perda de valor de produção em 2022, pressionada basicamente pela redução da colheita de verão, fortemente castigada pelo clima quente e seco. Aliás, o clima, fiél da balança, caminha para uma transição nos próximos meses, segundo os meteorologistas. Após praticamente quatro safras consecutivas na companhia do fenômeno La Niña, os prognósticos apontam para um possível retorno do El Niño. Mas ainda é cedo para qualquer certeza sobre esse assunto – a única certeza é a de que estamos vendo e sentindo na pele as mudanças climáticas. O verão aqui no Sudeste quase não existiu até o momento. Já no sul do país, foi exagerado, faltou chuva.

Nesta edição, trazemos também um balanço de 2022 para o mercado de agtechs, que segue de vento em popa em 2023, contrariando qualquer crise que haja nas empresas de base tecnológica mundo afora. Diferentemente delas, que enfrentam ondas de cortes de funcionários e redução de custos, nas startups do agro tem cada vez mais vagas, para funções e áreas diversas (de administração a programação tecnológica). Se o caro leitor trabalha no campo e pretende fazer uma transição de carreira, procure a startup ou incubadora ou hub de inovação mais próximo de você. Alguém lhe dará o caminho das pedras.

Quero encerrar esta mensagem fazendo um agradecendo especial a um dos colunistas mais queridos, admirados e respeitados que esta revista já teve. Roberto Rodrigues, querido professor, doutor, ex-ministro, mentor e fonte de inspiração para tanta gente, deixa de colaborar conosco após 13 anos. Mas, como ele mesmo escreve em sua última coluna por aqui, esperamos que seja apenas um “até logo”. Boa leitura!