Revista Globo Rural

UM PRESENTE PARA A PISCICULTURA

Em laboratórios instalados no distrito de Floriano, que pertence ao município de Maringá, no norte do Paraná, uma equipe de pesquisadores trabalha para levar aos piscicultores brasileiros o melhor da genética da tilápia Gift, a variedade que ganha peso mais rapidamente em cativeiro.

Gift significa presente em inglês, mas é também a sigla para genetically improved farmed tilapia, ou tilápia cultivada geneticamente melhorada, em uma tradução livre para o português. O desenvolvimento da variedade foi realizado pela WorldFish, instituição internacional, sem fins lucrativos, que tem sede na Malásia.

Em 2005, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi a pioneira na importação para a América Latina de 600 tilápias da variedade Gift, de 30 famílias diferentes, que foram alojadas na Estação Experimental de Piscicultura, em Floriano.

Professor do curso de zootecnia da UEM, Ricardo Ribeiro participou daquele momento, que é considerado histórico para a piscicultura de cultivo no Brasil. Ele conta que os trabalhos científicos publicados pelos pesquisadores da universidade paranaense chamaram a atenção do uruguaio Raul Ponzoni, que era o responsável, na época, pelo programa de melhoramento da Gift no WorldFish.

As tilápias “brasileiras” estão em sua 14ª geração. Os animais produzidos são catalogados e identificados com microchips, o que gerou um grande banco de dados.

“Acompanhar algumas horas do trabalho dos professores, profissionais e pesquisadores que atuam no laboratório é uma aula de ciência." Ribeiro explica que a tilápia tem origem africana e, para a reprodução, o macho faz um ninho, parecido com uma panela, no fundo do tanque, onde a fêmea põe as ovas para serem fertilizadas pelo macho. Depois disso, ela guardará as ovas na boca até o nascimento das larvas, o que pode demorar, na natureza, cerca de sete dias. Os pesquisadores coletam as ovas, diretamente das bocas das fêmeas, e as depositam em recipiente apropriado no ambiente controlado do laboratório. Ali, as larvas eclodirão e, depois de três a quatro dias, vão se tornar alevinos.

Quando atingem 5 gramas, o peso ideal para receber o microchip, que é implantado seguindo todas as regras para o bem-estar do animal, inclusive com sedação, os peixes vão para tanques-rede no Ribeirão do Corvo, já em área da Represa de Rosana, na divisa do Paraná com São Paulo. Nesse ambiente, os peixes crescerão. Os machos e fêmeas de melhor desempenho serão selecionados e vendidos a preços simbólicos a produtores de alevinos.

Além disso, o conhecimento é difundido a estudantes de graduação e pós-graduação, que aplicarão o que aprendem no Brasil e em outros países. É o caso da moçambicana Nareta Varede Figueiredo. Engenheira de aquicultura, ela é mestranda em melhoramento genético de tilápias e está no Brasil desde março de 2022, com uma bolsa de estudos de um centro de pesquisa do país africano.

AQUICULTURA | PEIXES

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2023-04-29T07:00:00.0000000Z

2023-04-29T07:00:00.0000000Z

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