Revista Globo Rural

BIOINSUMOS

REDE DE PESQUISAS SOBRE FERTILIZANTES E DEFENSIVOS BIOLÓGICOS SE DISSEMINA PELO PAÍS

Por ISADORA CAMARGO ∣lustração MARCO VERGOTTI

OS ESTUDOS SOBRE DEFENSIVOS E FERTILIZANTES biológicos têm se multiplicado no Brasil. Hoje, mais de 90 centros de pesquisa de todo o país dedicam-se a pesquisas sobre bioinsumos. Neles, mais de 300 cientistas trabalham para que essas soluções saiam dos laboratórios e cheguem diretamente ao campo. Com a ajuda dos produtores, as experiências têm dado certo.

Em 2020, o governo federal formalizou o Plano Nacional de Bioinsumos, que deu origem a políticas estaduais e estratégias de incentivo ao uso de insumos biológicos no controle de pragas e doenças e na melhoria da nutrição das plantas. Mas, a despeito dos avanços, esse mercado ainda tem de superar alguns desafios. Um dos principais é a própria definição do conceito de bioinsumo: esclarecer aos produtores os benefícios que esses produtos trazem a médio e longo prazos poderá fazer com que eles levem esses produtos para dentro da porteira.

A pandemia de Covid-19, que desorganizou a estrutura de comércio de vários produtos ligados ao agro, como os fertilizantes, o aumento do dólar e a guerra na Ucrânia fizeram disparar os preços de defensivos e adubos no mercado internacional. Esses choques de oferta obrigaram o agronegócio brasileiro a buscar alternativas para ganhos de produtividade nas lavouras, e o país se estabeleceu de vez como referência internacional em bioinsumos.

Em 2005, havia um único produto biológico registrado no Ministério da Agricultura, lembra Fábio Bueno, presidente do portfólio de bioinsumos da Embrapa. “Neste ano, já existem 526 registros de ativos nacionais”, diz. “As lavouras brasileiras já não são lugar de experimentos, mas de efetiva adoção de produtos de alta performance. Melhorar a sustentabilidade do agronegócio e a própria conscientização do mercado consumidor passa a ser consequência desse movimento”, afirma o especialista. A Embrapa investiu R$ 26 milhões em pesquisas sobre bioinsumos no último triênio.

Goiás é um dos mais importantes polos de estudos sobre os insumos biológicos do país. A partir de uma lei de 2021, o estado instituiu o Programa de Bioinsumos do Estado de Goiás. Esse movimento permitiu à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) criar, no ano passado, o Centro de Excelência em Bioinsumos (Cebio), que assessora produtores de pequeno, médio e grande portes na aplicação dos produtos ou na instalação de biofábricas. O Cebio recebeu investimento de R$ 8,5 milhões.

No polo agrícola de Rio Verde, lavouras de soja, sorgo, milho e abóbora são também campos de experiência com bioinsumos liderados pelo Instituto Federal Goiano (IFG), que registra ganhos de produtividade que vão de 30% a 90% nas plantações que recebem biológicos. “As fazendas são também campos de aplicação de bioinsumos. Mudamos o manejo e a mentalidade dos produtores”, contou à

GLOBO RURAL o pró-reitor da IFG, Alan de Freitas.

SUMÁRIO

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2023-04-29T07:00:00.0000000Z

2023-04-29T07:00:00.0000000Z

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