Revista Globo Rural

TRIGO

O PLANTIO DO CEREAL NUNCA FOI TÃO GRANDE NO BRASIL, MAS A MOAGEM CONTINUA ESTAGANADA HÁ QUATRO ANOS

por FERNANDA PRESSINOTT e PATRICK CRUZ

Acadeia de produção de trigo vive um fenômeno curioso no Brasil: a produção do cereal tem crescido no país, mas a moagem pouco se altera. Isso significa, entre outras coisas, que os agricultores têm apostado cada vez mais em uma cultura para a qual há demanda firme no país, mas em que, a julgar pelo desempenho nos últimos anos, há também um teto de expansão no mercado interno, o que deve estimular as exportações.

Os moinhos brasileiros processaram 12,6 milhões de toneladas de trigo no ano passado, um volume praticamente idêntico ao dos anos anteriores, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). A demanda mostrou-se “inelástica” nos últimos quatro anos, de acordo com a definição do presidente executivo da entidade, o ex-embaixador Rubens Barbosa. Ou, dito de outra forma, o consumo não tem saído do lugar.

A virtual estagnação da moagem continua a se repetir mesmo em um quadro de restrição da oferta no mundo, decorrente da guerra entre Rússia e Ucrânia e também da quebra de safra na Argentina, afirma o dirigente.

“Isso mostra que, em um quadro em que a renda média da população está baixa, a demanda por farinha de trigo permanece estável”, avalia Barbosa.

E o processamento de matéria-prima está sob a responsabilidade de um número de moinhos cada vez menor. No ano passado, 144 unidades dedicaram-se à moagem, ou 16 a menos em relação a 2021, quando as empresas processaram 12,7 milhões de toneladas do cereal.

As margens de comercialização do trigo no mercado internacional seguem atrativas, o que tem estimulado o plantio. No ano passado, as exportações brasileiras do cereal cresceram 188,8% e chegaram a 3,2 milhões de toneladas, de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

A StoneX estima que o Brasil vai colher 11,3 milhões de toneladas do grão na safra 2023/2024, um recorde. Caso se confirme, o volume será 2,7% maior que o do ciclo anterior, quando chegará a 11 milhões de toneladas. “O sentimento geral entre os produtores é de otimismo. Eles tiveram boas margens no decorrer de 2022/2023, apesar das quedas graduais nos preços”, afirma a consultoria.

SUMÁRIO

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2023-04-29T07:00:00.0000000Z

2023-04-29T07:00:00.0000000Z

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