Revista Globo Rural

CARTA AO LEITOR

Cassiano Ribeiro Editor-chefe cassianor@edglobo.com.br

Pandemia, seca severa, frio extremo, queimadas, quebras de safra, oscilação de preços, alta de custos – e até uma guerra. Nada do que aconteceu nos últimos anos impediu o agronegócio brasileiro de crescer e, melhor, de gerar emprego. É o que mostramos nesta edição, recheada de reportagens especiais e novidades. A chamada formalização do trabalho nunca foi tão alta no setor, conforme um levantamento recente do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), que elaborou o trabalho a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C). A pesquisa mostrou que somente nos últimos três anos o agro gerou quase 360 mil empregos formais. Trabalhadores como Wesley Sales Rocha, de 26 anos, que passou três anos montando aviões na fábrica da Embraer, mas decidiu alçar outros voos, até aterrissar em um campo fértil de oportunidades, que mal conhecia. O engenheiro mecatrônico levou sua experiência com operações elétricas e mecânicas dos tempos de indústria aeronáutica para os ares do agro: atualmente, sua função é pilotar os drones que aplicam defensivos agrícolas nos canaviais da Usina Santa Cruz, no interior de São Paulo.

Ele é um dos exemplos de trabalhadores que o agronegócio “roubou” de outros setores da economia.

E o que explica esse fenômeno? O principal motivo está relacionado à adoção tecnológica em todos os cantos, da lavoura à indústria. A evolução de maquinários, drones e outras tecnologias, por outro lado, impõe um desafio de constante qualificação das pessoas que atuam no complexo e fascinante mundo rural. Talvez seja esse o motivo de ainda ter gente se queixando de falta de mão de obra no campo. Outro desafio que não pode ser ignorado é o fato de que a informalidade neste setor ainda é maior que a do conjunto da economia brasileira – e aqui vale destacar o inadmissível número de casos de trabalho análogo à escravidão na rede de fornecimento de grandes companhias e em muitas fazendas do país. Esse crime não combina em nada com o belíssimo propósito de produzir, alimentar, vestir e mover o país.

Por falar em produção e movimento, não posso deixar de indicar a leitura de uma reportagem que fala dos 50 anos da Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o maior patrimônio do agro brasileiro. Responsável por desenvolver as tecnologias que conduziram o país ao posto de maior fazenda do mundo, a Embrapa tem planos para seu centenário, e nós contamos tudo isso a você nas páginas a seguir.

Boa leitura!

SUMÁRIO

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2023-04-29T07:00:00.0000000Z

2023-04-29T07:00:00.0000000Z

https://revistagloborural.pressreader.com/article/281492165639572

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