Revista Globo Rural

CARTA AO LEITOR

Cassiano Ribeiro Editor-chefe cassianor@edglobo.com.br

Fatos recentes, como a chuva recorde que castigou o litoral norte de São Paulo, provocando dezenas de mortes, e a nevasca rara que surpreendeu os habitantes do sul da Califórnia, nos Estados Unidos, mostram como as mudanças climáticas impactam a vida das pessoas e servem de alerta de que nós terráqueos temos de cuidar melhor do nosso planeta. Muitos produtores rurais brasileiros já estão fazendo sua parte, como os paranaenses Cassio Kossatz e Edgar Luiz Fedrizzi Filho, que investem em práticas sustentáveis para reduzir a emissão de gases de efeito estufa em suas fazendas – uma pequena contribuição para conter o aquecimento global. Eles ainda não são remunerados pelo trabalho, mas estão atentos ao mercado bilionário que está sendo desenvolvido, a partir da regulamentação dos créditos de carbono. Um estudo elaborado pela Câmara de Comércio ∣nternacional (∣CC Brasil) e pela consultoria WayCarbon projeta que o Brasil pode atender até 48,7% da demanda global do mercado voluntário e até 28% do mercado regulado de crédito de carbono, que deve movimentar US$ 120 bilhões até 2030. Quem já está operando nesse segmento é a MyCarbon (uma divisão da Minerva Foods), que no ano passado participou, na Arábia Saudita, do maior leilão de crédito de carbono do mercado voluntário já feito no mundo. As empresas brasileiras estão sondando os países produtores de petróleo, que têm interesse em comprar os créditos que compensam a emissão de gases de efeito estufa. A Arábia Saudita, por exemplo, pretende alcançar o zero líquido de carbono até 2060. O CEO da MyCarbon, Eduardo Bastos, acredita que o Brasil pode responder por pelo menos 15% do mercado de carbono, pois poucos países têm tanto potencial de geração de créditos ligados ao uso do solo, seja na preservação de florestas ou mesmo em atividades ligadas à agricultura, pecuária e florestamento. Já temos sistemas reconhecidos no mundo inteiro, como o plantio direto, a fixação biológica de nitrogênio, o emprego de bioinsumos e a integração lavourapecuária-floresta. Nesta edição, mostramos exemplos de produção sustentável, como a pecuária conservacionista do boi orgânico do Pantanal e a agricultura regenerativa dos agricultores de Goiás, que recuperam áreas degradadas. É uma combinação de técnicas que ajuda a melhorar a oxigenação do solo e a fixação de carbono. Outra reportagem mostra como pequenos agricultores de Barcarena (PA) produzem o próprio adubo, economizam e melhoram a qualidade do solo. Mais um destaque é a entrevista feita por Raphael Salomão com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Ele fala sobre os desafios de assumir um ministério que tem a responsabilidade de estimular a produção rural com sustentabilidade, ajudar no combate à fome e no controle da inflação – e ao mesmo tempo manter a agenda internacional, com a abertura de novos mercados.

SUMÁRIO

pt-br

2023-03-06T08:00:00.0000000Z

2023-03-06T08:00:00.0000000Z

https://revistagloborural.pressreader.com/article/281483575593986

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.