Revista Globo Rural

Danos à vista

ESTIMATIVA PRELIMINAR INDICA QUEBRA DE 20% NA PRODUÇAO

por ROSANGELA CAPOZOLI fotos SÉRGIO RANALLI

As geadas da segunda quinzena de julho deixaram um rastro de destruição nos cafezais do sul e no cerrado de Minas Gerais, além do norte do Paraná. As avaliações preliminares indicam que a safra deve encolher em até 20%. A previsão é que caia de 65 milhões de sacas produzidas em 2020 para cerca de 50 milhões de sacas, ou menos.

Dados pontuais dão a dimensão dos estragos. De acordo com a consultoria StoneX, só em Minas Gerais, o principal estado produtor, a quebra é estimada em 28,5%. Considerando todas as regiões que plantam café, as perdas devem oscilar entre 12% e 15%, mas há quem fale em 25%. Um quinto das áreas de cultivo foi afetada.

De todo o café colhido, o país exporta 30%. “Se a lavoura sofrer perdas de 25%, isso terá fortes reflexos nas exportações e nos preços”, diz o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Os reflexos já estão sendo sentidos. Ele observa que o indicador do café arábica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/ USP) ultrapassou os R$ 1 mil a saca de 60 quilos no final de julho, o dobro do valor observado há um ano atrás.

Os técnicos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) recomendam cautela aos cafeicultores ao quantificar e precificar suas vendas antecipadas. A geada deve trazer reflexos para próximas safras, pois a necessidade de podas radicais pode retardar por dois anos a retomada da produção dos cafezais. O seguro feito pelos produtores cobre a quebra de produção, mas não preveem a proteção das plantas, agora atingidas pelas geadas.

De acordo com dados da Conab, o país tem 391 mil hectares de café em formação, e a área total em produção é de 1,82 milhão de hectares. Equipes da Conab ainda estão em campo para avaliar os estragos da geada nos cafezais. Numa primeira pesquisa, estimou-se que entre 150 mil e 200 mil hectares de cafezais foram afetados.

Safra menor e preços internacionais altos são bons para o produtor, mas ruim para o consumidor. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) apontam que os preços para o consumidor já subiram entre 11% e 13% em relação ao ano passado. É esperado que, contadas as perdas com a geada, os preços subam ainda mais.

AGRICULTURA I LAVOURAS

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2021-09-02T07:00:00.0000000Z

2021-09-02T07:00:00.0000000Z

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